
O índice de previsão extrema do modelo ECMWF alerta para tempestades severas entre quarta e quinta-feira no Brasil.
- Mais informações: RS, SC e PR estão sob alertas de chuvas intensas, tempestades e granizo nesta quinta-feira

A partir de quarta-feira (4), as regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste do Brasil devem enfrentar um período de forte instabilidade atmosférica intensa, com possibilidade de tempestades severas, incluindo volumes altos de chuva, rajadas de vento intensas, granizo e descargas elétricas (raios).
O índice de previsão extrema (EFI) do modelo ECMWF está em nível máximo para o potencial convectivo nessas regiões, indicando risco aumentado de eventos meteorológicos perigosos nos próximos dias.
Índice de previsão extrema dispara para a convecção profunda
O EFI é um indicador que mostra o quão diferente uma previsão do tempo é em relação ao que normalmente acontece em determinada região. Ele identifica situações incomuns ou extremas baseadas na climatologia do próprio modelo.
- Valores entre 0.5 e 0.8 indicam que o tempo pode ser “incomum”,
- Valores acima de 0.8 sugerem que um evento “extremo” pode ocorrer
Esta semana, o EFI do ECMWF está mostrando uma condição considerada ‘extrema’ para o índice CAPE (importante para a previsão dessas tempestades) entre quarta (4) e quinta-feira (5) sobre uma ampla área que abrange parte das regiões Sul, Centro-Oeste e Sudeste. Essa informação pode ser vista nos mapas abaixo, indicada pela área em laranja dentro das linhas pretas.

Quando analisamos o EFI utilizando o percentil 99 estamos focando nas tempestades previstas que estão entre as 1% mais intensas já registradas historicamente nessas regiões, para esta época.
Mas, afinal, o que é o índice CAPE?
Imagine que você pega uma bolha de ar próxima da superfície da Terra e a faz subir na atmosfera, como se fosse um balão. O CAPE (Energia Potencial Disponível para Convecção) é uma medida da energia disponível para essa bolha de ar subir rapidamente e formar nuvens de tempestade – aquelas grandes, com nuvens em forma de bigorna que chegam até o topo da troposfera.

Quando o ar quente e úmido está embaixo e o ar mais frio está em cima, a situação está instável, cenário é perfeito para tempestades. Se essa bolha de ar for mais quente (ou mais leve) do que o ar ao redor enquanto sobe, ela continua subindo sozinha, empurrada pela diferença de temperatura. Esse “empurrão” é o que gera o CAPE.
Para que esse movimento de subida aconteça, é necessário:
- Instabilidade na atmosfera
- Umidade abundante perto da superfície – ar quente e úmido próximo ao solo fornece o “combustível” necessário para a formação de nuvens e chuva intensa
- Mecanismo de elevação – pode ser o encontro de ventos (convergência), o avanço de uma frente fria, o relevo (como serras) ou o próprio aquecimento do solo durante o dia
Quando esses fatores atuam juntos, o ar sobe, esfria, condensa e pode formar nuvens muito altas, com potencial para tempestades fortes.
Condições atmosféricas previstas
Como pode ser visto na previsão do modelo ECMWF para esta quarta-feira (4), um rio atmosférico será transportando via jato de baixos níveis para a região do Paraguai e oeste das regiões Sul e Centro-Oeste, disponibilizando umidade para a convecção.

Além disso, a previsão de anomalia de temperatura indica que as temperaturas estarão até 8°C acima do normal, podendo ultraar os 30°C. Como vimos anteriormente, esta combinação de umidade e calor são ingredientes essenciais para a formação da convecção profunda.

Portanto, entre quarta (4) e quinta-feira (5) tempestades severas estão previstas ocorrer desde o noroeste do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, sul do Mato Grosso do Sul e São Paulo. Recomenda-se evitar estar ao ar livre durante as tempestades, buscar abrigo seguro e não transitar por áreas alagadas ou com risco de enxurradas.