
Os problemas são mantidos longe do foco da imprensa pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, preocupado em levar em paralelo pela mesma rodovia, uma estrada de ferro financiada pelo governo Chinês para fazer conexão com o Pacífico.
FEIJÓ, TARAUACÁ E CRUZEIRO DO SUL — Os três municípios cortados pela BR-364, no estado do Acre, tornaram-se, em 2025, os epicentros silenciosos de uma nova ofensiva contra a floresta amazônica. Uma combinação de fatores, como a abertura de ramais clandestinos, a especulação fundiária e o enfraquecimento da fiscalização ambiental, tem impulsionado o desmatamento de forma alarmante.
Somente em abril, os dados do sistema DETER/INPE apontam para um salto expressivo: 30 km² desmatados em Feijó, 22 km² em Tarauacá e 18 km² em Cruzeiro do Sul. A evolução mensal é clara: o que começou com apenas alguns poucos quilômetros quadrados devastados no primeiro bimestre se transformou em uma corrida contra o tempo para abrir novas frentes de ocupação na região.
A BR-364, ligando o Acre a Rondônia, sempre foi vista como um eixo vital para o escoamento da produção e integração regional. Mas, na prática, ela tem servido também como vetor de degradação ambiental. As bordas da rodovia se tornaram alvos preferenciais para grileiros e madeireiros ilegais, que aproveitam a facilidade de o para expandir suas atividades.
Impactos sobre Terras Indígenas e Unidades de Conservação
A situação é ainda mais crítica em áreas protegidas. Três unidades de conservação do Acre figuraram entre as dez mais desmatadas da Amazônia em abril de 2025: a Floresta Estadual do Mogno, a Reserva Extrativista Chico Mendes e a Floresta Estadual Antimary. Na Terra Indígena Kampa e Riozinho do Alto Envira, próxima à BR-364, houve mais de 2.300 focos de queimadas em setembro de 2024. E a tendência permanece em alta.
O elo com o Cadastro Ambiental Rural (CAR)
Análises cruzadas com dados do CAR revelam que muitas das áreas recentemente desmatadas sequer possuem registro legal consolidado. Há forte indicação de sobreposição com florestas públicas e ocupações recentes. O diagnóstico é claro: o uso do fogo e do machado antecede a regularização, numa lógica perversa de ocupação territorial.
Reação local e institucional
Lideranças comunitárias e povos indígenas têm denunciado a falta de apoio governamental para a prevenção e combate a incêndios. Em algumas regiões, como em Feijó e Tarauacá, brigadas voluntárias atuam de forma precária, enfrentando fogos que duram dias.
O Batalhão Ambiental do Acre afirma que, nos últimos quatro anos, conseguiu reduzir em até 49% o desmatamento em áreas fiscalizadas. Mas ite que a atuação é limitada diante da extensão territorial e da pressão crescente sobre a floresta.
Descaso do Governo Federal
Com o crescimento acelerado da devastação florestal ao longo da BR-364, o Acre caminha para um ponto crítico. A combinação de infraestrutura viária, ausência de regularização fundiária e fragilidade institucional tem colocado em risco não apenas a biodiversidade, mas também os direitos de populações tradicionais. A floresta não está apenas sendo desmatada — está sendo cercada, loteada e, lentamente, apagada do mapa.
Cabe à sociedade, à imprensa e aos órgãos públicos reagirem à altura da urgência ambiental que se impõe sobre o coração verde do Acre. É de se registrar que a atuação do Governo Federal está voltada apenas para impedir que o Estado do Amazonas tenha o aos demais estados via BR 319, sob o pretexto de que a pavimentação da rodovia, com quase 50 anos de existência, irá facilitar a prática.
Entretanto, os problemas gerados com o permanente apoio ao tráfego da BR-364 entre Porto Velho, Rio Branco, Feijó, Tarauacá e Cruzeiro do Sul são mantidos longe do foco pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima, preocupado em levar em paralelo pela mesma rodovia, uma estrada de ferro financiada pelo governo Chinês para fazer conexão com o Pacífico.
O projeto da Ferrovia Transoceânica (ou Bioceânica) — às vezes designado como EF‑354 — prevê a construção de cerca de 4.400 km de trilhos, formando um corredor interoceânico entre o Atlântico e o Pacífico.
(Matéria produzida com apoio de Inteligência Artificial)